Mitos e verdades sobre gravidez e saúde da mulher

A gravidez é um período marcado por muitas expectativas e dúvidas. Ocorrem alterações físicas e hormonais que impactam diretamente o emocional e físico das grávidas. Diante desse quadro, as futuras mamães começam a receber uma enxurrada de palpites e superstições, muitas vezes sem evidência científica. Isso gera mais dúvidas, mais confusão, agravando ainda mais o emocional das grávidas. Sendo assim, é fundamental que a gestante procure acompanhamento pré-natal o quanto antes para tirar todas as suas dúvidas e esclarecer o que é mito e o que é verdade dentre todas as informações que recebe.

Com o auxílio da ginecologista, obstetra e mastologista Dra. Danielle Mussoi Esser, adiantamos alguns questionamentos importantes:

 

Não devo contar sobre minha gestação para ninguém nos 3 primeiros meses.

DEPENDE. O primeiro trimestre da gestação é o período mais delicado, com risco de aborto espontâneo maior. A decisão de contar para os amigos e familiares depende do casal. Muitos preferem dividir e celebrar a notícia o quanto antes, compartilhar experiências e buscar informações. Outros optam por aguardar o término do primeiro trimestre e realizar a primeira ecografia morfológica (entre 11 e 14 semanas) para revelar a gestação. Infelizmente, o risco de aborto existe, lidar com a perda e a frustração de uma gestação que não evoluiu pode fazer com que muitos casais evitem contar até atingir o período que esse risco diminui.

 

Gestante não pode praticar atividade física durante a gestação.

MITO. A atividade física na gestação é recomendada nos casos em que não são identificados fatores de risco, após avaliação médica durante as consultas do pré-natal. As contraindicações são o sangramento uterino, a placenta de inserção baixa, o trabalho de parto prematuro, o retardo de crescimento intrauterino, a rotura prematura de membranas e a incompetência istmocervical. Durante uma gestação normal, quem já praticava exercícios pode continuar a fazê-lo, adequando a prescrição à gestação. A prática de atividade física em gestantes contribui com a manutenção do condicionamento físico, ajuda a reduzir os sintomas gravídicos, a controlar o peso, além de diminuir a tensão no parto e auxiliar na recuperação no pós-parto. Outros benefícios da atividade física para a gestante são o auxílio no retorno venoso, prevenindo o aparecimento de varizes nos membros inferiores, e a melhora nas condições de irrigação da placenta.

 

Não é recomendado ingerir bebida alcoólica na gestação.

VERDADE. O consumo de álcool por gestantes pode provocar desde disfunções mais sutis até o quadro completo da Síndrome Alcoólica Fetal (SAF). A SAF constitui um complexo quadro clínico, que inclui parto prematuro, deficiências físicas, comportamentais, cognitivas, sociais e motoras, até a morte fetal. Infelizmente não existe cura para a SAF, somente tratamento de suporte para minimizar os danos causados pelo álcool. Entretanto, sabe-se que nem todas as crianças nascidas de mães que consumiram álcool na gestação apresentam qualquer dessas alterações. Não se sabe também se as disfunções são relacionadas à quantidade de álcool ingerido e qual seria a dose ingerida capaz de causar os danos. Sendo assim, a Organização Mundial da Saúde recomenda que a gestante não consuma qualquer tipo de bebida alcoólica durante o período gestacional e amamentação.

 

A mãe deve continuar amamentando mesmo se for diagnosticada com mastite.

VERDADE. Mastite é uma infecção aguda da mama, geralmente unilateral, causada por bactérias. O cansaço e o estresse diminuem a imunidade da puérpera, o ingurgitamento mamário e fissuras nos mamilos funcionam como porta de entrada para essas bactérias. A mama fica vermelha, endurecida e quente, e a mãe apresenta sintomas como calafrios, febre alta e mal estar. Continuar amamentando é fundamental para a melhora do quadro, bem como o uso de antibióticos e analgésicos.

 

Todas as gestantes devem realizar exames para descartar trombofilias.

MITO. Trombofilias são alterações na coagulação sanguínea que podem aumentar o risco de trombose. Existem exames laboratoriais que podem identificar algumas dessas alterações, porém eles só devem ser solicitados quando o médico identificar algum fator de risco durante a consulta. Alguns desses fatores incluem abortos de repetição, perda gestacional tardia por má placentação, pré-eclâmpsia grave de início precoce, história pessoal de tromboembolismo, história familiar (parente de primeiro grau) com trombofilia de alto risco ou tromboembolismo venoso antes dos 50 anos. Caso a paciente não apresente fatores de risco não há indicação de realizar o rastreamento.