Entre os muitos cuidados necessários durante o período de gestação há um alerta extra para as mulheres no que diz respeito à saúde da glândula tireoide. De acordo com uma pesquisa realizada pelo curso de Medicina do Centro Universitário São Camilo – SP, o hipotireoidismo em gestantes provoca riscos maternos e fetais, incluindo o aborto.
A pesquisa publicada em 2021 avaliou 83 pacientes puérperas de alto risco gestacional que haviam sido diagnosticadas com diabetes e/ou hipertensão, ou que sofreram aborto anteriormente. Do total de mulheres avaliadas, 11,5% tinham hipotireoidismo e 2,5% tinham hipertireoidismo.
“Além do aborto de repetição, a paciente com hipotireoidismo pode ter dificuldade para engravidar e, se grávida, o bebê poder ter restrição do crescimento intrauterino”, detalha a endocrinologista Lívia Marcela dos Santos, professora de Medicina do Centro Universitário São Camilo – SP e orientadora da pesquisa.
O hipotireoidismo materno é definido pelo valor elevado do TSH (hormônio estimulador da tireoide) e uma concentração de T4 (tiroxina, hormônio produzido pela tireoide) reduzida durante a gestação. A endocrinologista explica que, embora os sintomas não sejam muito específicos, é possível que a paciente apresente inchaço, cansaço, desânimo, pensamento lentificado, ganho de peso e também aumento no volume da tireoide. “Outras doenças na Medicina também causam esses sintomas, por isso, para se ter o diagnóstico correto é preciso coletar exames de sangue, que são TSH, principalmente, e T4 Livre”, acrescenta.
Os exames são ainda mais necessários uma vez que não há maneiras de prevenir o hipotireoidismo gestacional. O recomendado é que o TSH da mulher seja avaliado pelo menos uma vez durante a gestação. E para as pacientes que já convivem com o hipotireoidismo é preciso ajustar a dose do medicamento (levotiroxina) assim que a gravidez for identificada.
“Normalmente o médico já ajusta a dose no início da gestação, nas primeiras semanas, porque isso impacta no neurodesenvolvimento do bebê, no desenvolvimento psicomotor. Alguns artigos dizem que afeta também a inteligência”, lembra Lívia Marcela dos Santos