O ganho de peso durante a gravidez, o tempo de amamentação e o número de gestações são fatores determinantes no aspecto das mamas após o nascimento do bebê e é este resultado que pode determinar qual a conduta adequada na cirurgia plástica da região. Quando apenas a mastopexia (levantamento das mamas) basta? Ela deve ser associada ao implante de silicone? Para responder a essas dúvidas e lhe ajudar na decisão sobre operar os seios, a cirurgiã plástica Dra. Larissa Oliveira esclarece primeiramente que a decisão pela técnica adequada será motivada pelo conjunto “expectativa e possibilidades”. Entenda melhor na entrevista completa:
O que é mais indicado para a mulher que já teve filhos e está com as mamas caídas: mastopexia ou implante de silicone?
Como já mencionei, essa decisão leva em consideração a expectativa da paciente e as possibilidades indicadas pelo médico em cada caso. Mas, de maneira geral, a decisão de colocar prótese de silicone pós-gestação tem dois motivos específicos: o aumento de volume e dar forma para as mamas que perderam a consistência com a amamentação. Pacientes que têm a aréola acima do sulco mamário não necessitam de retirar excesso de pele e sim apenas da colocação da prótese. É importante lembrar que o silicone não enrijece a mama, e sim dá forma. Com relação à decisão pela mastopexia, ou seja, a retirada de excesso de pele, ela será indicada nos casos em que a aréola se encontra posicionada ao nível ou abaixo do sulco mamário.
A mastopexia precisa de prótese de silicone?
A mastopexia pode ou não ser associada com o uso de implante de silicone. Tudo depende da textura e densidade do tecido mamário. Se a mama for muito flácida quando se apalpa e tem excesso de pele, pode ser necessário o uso de um implante para dar mais firmeza à mama. O motivo é que o cirurgião precisa remodelar a mama usando pontos para se aproximar os tecidos; se esse tecido aproximado não tiver uma densidade adequada, então o resultado poderá ser perdido e durar pouco.
É possível remodelar a mama com a gordura do próprio seio?
Hoje, o enxerto de gordura em várias partes do corpo está muito bem avaliado e indicado, porém não existe ainda um consenso sobre o uso apenas de enxertia de gordura nas mamas, uma vez que sua cicatrização promove imagens de calcificações, que podem se confundir com câncer de mama. Logo, atualmente indicamos gordura apenas para os casos de uso de pequenas quantidades, muito bem distribuídas para ajudar no contorno de mamas que têm pouco tecido de revestimento (ou seja, mamas que tenham apenas pele) ou mamas reconstruídas após tumores de mama ou traumas que necessitem de aumento de volume em determinadas regiões. Mas é importante frisar que a gordura não nos dá a impressão de mamas redondas como a prótese, e sim mamas naturais, sem o famoso e desejado colo de maçã.
Como é a cicatriz da cirurgia que envolve o levantamento da mama e o implante de silicone?
O posicionamento das cicatrizes para retirada de pele na mamoplastia irá depender da quantidade de pele existente e da decisão pelo uso de uma prótese mamária. Temos que pensar que a prótese ocupará parte do tecido que está sobrando na mama, logo, o uso de prótese de mama pode diminuir o tamanho da cicatriz, podendo se resumir a cicatrizes apenas na aréola ou recorrermos a cicatriz em T.
Qual a durabilidade da mastopexia, associada ou não ao uso de silicone?
Isso irá depender de um conjunto de fatores. Entre eles eu chamo a atenção para os cuidados de manutenção, que são: evitar ficar sem sutiã, evitar ganhar ou perder peso e fazer atividades físicas de impacto sempre usando um top adequado. Ainda, a existência prévia de estrias na mama pode adiantar a queda, pois a pele já é mais elástica. A paciente fumante perde o resultado mais precocemente. Por outro lado, uma alimentação rica em carboidratos e gorduras piora a qualidade do colágeno da pele. E também o período da menopausa pode aumentar o risco de queda. Outro fator extremamente importante é o tamanho da mama, quanto maior, mais rápida a queda.
Como definir que tamanho de prótese é mais indicado para cada pessoa?
A definição do tamanho da prótese depende de alguns fatores: expectativa, elasticidade da pele, largura de tórax, posicionamento das costelas, análise do conjunto do corpo (quadril, tamanho de glúteo, altura e largura da paciente). Por exemplo: recebo várias pacientes de baixa estatura, com tórax largo, com o sonho de mamas bem ousadas. Temos que orientar que esta decisão pode levar a sensação de excesso de peso. Outro exemplo são as adolescentes de 18 a 20 anos que nunca amamentaram e que gostariam de mamas mais decotadas, porém possuem pouca pele para distender e se forçarmos poderemos arrebentar estrias e perder a sensibilidade do bico. Então, mais uma vez friso que a decisão sobre a melhor técnica para cada caso é individual, não existindo fórmula matemática para todos os corpos.
Quais são os cuidados pós-operatórios para ambas as cirurgias?
O sucesso das cirurgias depende de uma série de recomendações pós-operatórias, como limitar a abertura dos braços até a altura do ombro por 30 dias – um dos erros que mais comprometem o resultado desse tipo de procedimento; não deitar de bruços por seis meses; evitar alguns tipos de alimentos; respeitar o prazo de 30 dias para fazer atividade física e sexual; evitar fumar e se expor ao sol antes do tempo orientado pelo seu médico. Sugiro a realização de drenagem linfática com profissionais capacitados para não comprometer o resultado.