Como tratar miomas sem tirar o útero

Cólicas e fluxos menstruais excessivos, sensação de peso no baixo ventre, dor durante a relação sexual, dificuldade para engravidar e até abortos espontâneos. Esses são sintomas de casos mais graves de mioma, que requerem tratamento. Para preservar o útero e possibilitar que a mulher engravide com segurança após o tratamento, o método mais indicado  é a embolização de artérias uterinas, um procedimento minimamente invasivo, que consiste em bloquear os vasos sanguíneos que nutrem o tumor. Sem irrigação, o mioma diminui e o útero é preservado. Em entrevista ao Manual da Mamãe, o Dr. Luiz Otavio Corrêa, especialista em Radiologia Intervencionista pelo Dotter Interventional Institute, na Oregon Health & Science University, em Portland, Oregon, nos Estados Unidos, explica como a técnica funciona. Confira:

Como funciona a técnica de embolização de miomas?

A técnica consiste, de maneira resumida, na colocação de um microcateter na artéria uterina, próximo ao mioma, para a liberação de micropartículas que a ocluirão, sem prejuízo ao restante do útero. O procedimento requer somente uma pequena incisão na região da virilha, feita sob anestesia local, e internação hospitalar de um a dois dias. Quando o procedimento termina, simplesmente se retira o cateter e se comprime o furinho na virilha com a mão. É feito um curativo e a paciente segue para seu quarto, onde continuará recebendo medicações para aliviar a dor.

Como é a recuperação? As mulheres ficam satisfeitas com o resultado?

Após um ou dois dias, a paciente deixa o hospital, com prescrição de medicamentos para a dor, e vai para casa fazer um repouso de aproximadamente quatro dias. Pode-se esperar certo desconforto abdominal, tipo cólica, e febre baixa de fácil controle. Contatos telefônicos são feitos neste período e o retorno ao consultório deve ocorrer entre cinco e sete dias após a alta. Estudos científicos relatam que pelo menos 90% das pacientes demonstraram satisfação com o método. O retorno às atividades físicas de rotina é recomendado depois de cinco dias da cirurgia.

Como o senhor avalia os resultados?

Os resultados clínicos da embolização já foram amplamente descritos em inúmeros artigos científicos publicados na literatura médica ao longo dos últimos anos e podem ser resumidos da seguinte maneira: 9 de cada 10 mulheres que tinham sangramento intenso voltam a ter menstruações normais; 9 de cada 10 mulheres que tinham dor provocada por miomas relatam desaparecimento do sintoma; o tamanho do útero e dos miomas regride em até 40% em seis meses e em até 60% em um ano. Alguns casos podem evoluir com uma redução muito maior. Além disso, os efeitos provocados pela embolização são permanentes, o que raramente torna necessário algum procedimento terapêutico adicional.

O radiologista intervencionista substitui o ginecologista neste tratamento?

De maneira alguma. O radiologista intervencionista, responsável por executar a embolização dos miomas, não substituirá o seu ginecologista nem antes nem depois do procedimento. Ele deve participar de todo o processo, inclusive indicando o tratamento. Seu papel enquanto paciente é se informar sobre a técnica, questionando com o ginecologista se é a melhor possibilidade para seu caso. O radiologista intervencionista, por sua vez, pode lhe ajudar esclarecendo quaisquer dúvidas. A embolização de miomas, mesmo considerada um procedimento minimamente invasivo, deve ser, como todos os procedimentos médicos, indicada baseada em critérios rigorosos de seleção das pacientes.

Qual a importância dessa alternativa não cirúrgica para tratamentos de miomas?

Dispor de alternativas para tratamento de miomas preservando o útero é algo que ganha maior importância nos dias atuais. Investindo no desenvolvimento pessoal e profissional, cada vez mais mulheres deixam a maternidade para depois dos 30 anos. Estão na fase reprodutiva e, portanto, arriscadas a estar no grupo das portadoras de mioma. Para quem sonha ter um bebê, a embolização pode ser uma boa opção.

 

Vantagens da embolização de miomas

1. É um procedimento minimamente invasivo, realizado com anestesia local;

2. O procedimento causa menor agressão ao organismo, por não haver retirada do útero ou de parte dele;

3. Não deixa cicatriz;

4. Trata o útero de forma universal, isto é, trata todos os miomas ao mesmo tempo;

5. A recuperação e o retorno às atividades normais acontecem muito rapidamente;

6. Os efeitos terapêuticos são permanentes, o que raramente torna necessário um procedimento adicional;

7. Preserva o útero e, assim, a possibilidade de gravidez após o tratamento.