A maternidade, sem dúvida, é um marco na história de uma mulher. Apesar de ser algo natural e esperado, altera profundamente sua identidade, seus papéis e como ela se enxerga no mundo. Por mais preparada que esteja, desde a gestação diversas mudanças vão ocorrer para transformá-la em “mulher-mãe”, provocando muitos medos em relação ao futuro, como: será que darei conta?
Quanto tempo devo ou posso ficar afastada do trabalho? Como vai ficar meu corpo depois? Conseguirei perder peso?
Esses dois últimos questionamentos, quando tornam-se preocupações em excesso, podem desencadear ou exacerbar comportamentos alimentares disfuncionais. Segundo a psicóloga clínica Dra. Priscilla Leitner, diversos estudos demonstram que o período gestacional pode ser um fator precipitante para novos casos de Transtornos Alimentares ou distúrbios na imagem corporal, que nada mais é do que a imagem que cada um tem de si mesmo.
O ganho de peso durante a gravidez é diferente para cada mulher e cada corpo também responde de forma singular à eliminação do peso do pós-parto adiante. Estima-se que o aumento de mamas, útero e suas estruturas, feto, reservas de gordura e acúmulo de líquidos somem cerca de 9 a 13 Kg. Esse peso passa a ser eliminado aos poucos conforme a estabilização metabólica de cada mulher. “Quando há uma preocupação em excesso ou também o outro extremo, o descaso com o próprio corpo, torna-se importante a avaliação de um profissional. Um comportamento alimentar disfuncional, mesmo que não caracterize um transtorno alimentar, pode gerar episódios ansiosos ou depressivos”, alerta a Dra. Priscilla.
Mas o que seria um comportamento alimentar ruim?
A especialista explica que é quando há, de alguma forma, uma ingestão empobrecida ou exacerbada em algum aspecto como quantidade, nutrientes ou relacionamento com a comida. “A sensação de perder o controle da alimentação, ou perceber-se compulsiva em algum momento, pode ser um sinal que algo está errado”, orienta.
Os comportamentos alimentares disfuncionais durante a gestação podem afetar tanto o desenvolvimento fetal quanto a saúde da mulher, pois levam a um círculo vicioso de insatisfação, angústia, culpa e vergonha. “Toda dificuldade no comportamento alimentar, pela sua complexidade, em geral, necessita de um acompanhamento multidisciplinar com nutricionista, psicólogo, psiquiatra, endocrinologista, entre outros. Dê preferência a profissionais tenham experiência em disfunções alimentares”, alerta.