Toda gestante já conhece a importância do pré-natal para a manutenção da sua saúde e da do seu bebê. Mas poucas sabem que além do pré-natal convencional é necessário fazer o que chamamos de pré-natal odontológico. Como o nome já indica, é o atendimento no dentista durante toda a sua gestação, visando, da mesma forma, a saúde da gestante e do bebê.
Segundo a cirurgiã dentista Dra. Mirelly Resende, essas visitas ao dentista incluem ações para desmitificar preocupações sobre a gravidez e o tratamento dentário, conscientizar sobre os principais problemas bucais, orientar sobre a importância do controle de placa, uso do flúor, amamentação, cuidados com o futuro bebê, bem como a importância da alimentação saudável, uma vez que os dentes necessitam de minerais e começam a se formar a partir da 6ª semana de gravidez. Confira mais detalhes sobre alguns desses aspectos destacados pela Dra. Mirelly:
Alimentação da gestante x dentes do bebê
A alimentação da gestante influencia diretamente na formação perfeita da dentição dos seus filhos ainda na barriga, já que eles começam a se formar bem cedo, já na 6ª semana de gestação. Problemas de hipovitaminose (deficiência de vitaminas, mais precisamente as vitamina A, C e D), e desequilíbrios de ordem endócrina (como hipertireoidismo e diabetes não compensados) são fatores que, ocorrentes na gravidez, provocam a desestruturação da formação do órgão dentário do bebê, como falhas na formação do esmalte, por exemplo.
Problemas gengivais x parto prematuro
Ao contrário do que muitas grávidas pensam, o sangramento na gengiva não se dá diretamente pelas alterações hormonais comuns a esse período. A realidade é que essa alteração apenas aumenta os sinais de uma inflamação já existente. O mais preocupante de um sangramento gengival é saber que ele pode interferir no bom andamento da gravidez.
A inflamação da gengiva (gengivite) pode evoluir para uma periodontite (inflamação dos tecidos ao redor do dente), e com isso ocorrer liberação na corrente sanguínea de toxinas que ao alcançarem a placenta estimulam a produção de citocinas e prostaglandinas, responsáveis pela indução de contrações uterinas.
Estudos mais recentes ressaltaram que quanto mais grave a doença periodontal, maior o risco de ocorrer um parto prematuro (menos de 37 semanas) e que a probabilidade é 3,5 vezes maior desses bebês nascerem com baixo peso, além do que também aumentam o risco de pré-eclâmpsia nas gestantes.
Atendimento odontológico na gravidez
As consultas ao longo da gestação têm em vista a manutenção da saúde bucal, ao diagnosticar e tratar possíveis problemas. Uma das maiores importâncias dessas visitas ao dentista é acabar com muitos mitos que existem no Brasil. Um dentista especializado e atualizado irá passar informações e segurança à paciente sobre Raio-X, uso de anestésico na gravidez e prescrições de medicamentos. Sabendo de tudo isso, o recomendado é que as grávidas tenham no mínimo quatro consultas especiais durante a gravidez, mesmo que ela não tenha nenhum problema instalado.
O tratamento preventivo deve ser feito desde os três primeiros meses de gestação, contando com procedimentos básicos, como profilaxia e aplicação de flúor e orientações sobre, por exemplo, os episódios de vômitos que se apresentam mais nessa fase, fazendo com que a saliva fique mais ácida. O pH mais baixo pode criar um ambiente propício para o desenvolvimento mais rápido de cáries.
Já no segundo trimestre da gestação é preferencialmente o momento que os tratamentos odontológicos devem ser feitos, incluindo restaurações e extrações, se forem necessários. Por outro lado, o que é considerado urgência deve ser feito em qualquer momento da gestação, visando remover a dor e os focos de infecção.
Em um último momento desse acompanhamento nas gestantes, a consulta tem como foco orientações sobre os cuidados necessários com a cavidade bucal do bebê, assim que ele nascer. Nessa ocasião, a gestante aprenderá mais sobre aleitamento materno, utilização de bicos artificiais (chupeta e mamadeira), tipos de escova de dentes e de cremes dentais.
“O ideal é que mulheres que estejam planejando engravidar visitem o dentista e deixem o ambiente bucal adequado, para evitar futuras intercorrências durante a gravidez e durante o período de amamentação. É importante ainda ressaltar que, apesar de todas as alterações decorridas do período gestacional, a gravidez não estraga os dentes, mas os problemas já existentes podem aumentar por causa dos níveis hormonais como já explicamos. Portanto, inclua no seu pré-natal as visitas ao dentista.”