Como superar traumas e ansiedades na gestação?
Quando pensamos em gravidez, logo imaginamos toda a preparação da família para receber o novo e tão esperado integrante. Na casa, estuda-se onde e como vai ser o quarto do bebê, a mulher prepara seu corpo antes de engravidar e faz o pré-natal para acompanhar o crescimento da criança, e o pai é tomado por uma alegria sem tamanho. “Nessa fase, é imprescindível que a futura mamãe busque apoio emocional, visando estruturar-se para que se sinta plena durante a gravidez e após o parto”, explica a Dra. Silvana Leoni Calixto, terapeuta de família e casais, especializada em EMDR (Abordagem para tratamento de Experiências Traumáticas).Ao engravidar é bastante comum a mulher vivenciar um turbilhão de sentimentos que acabam ativando temores anteriormente adormecidos, tais como medo de morrer, de não ser capaz de cuidar da criança, e tantos outros. Para ajudar a futura mamãe, a Dra. Silvana trabalha com o EMDR (Eye Movement Desensitization And Reprocessing). Um método capaz de efetuar mudanças profundas e duradouras em um prazo mais curto do que o das psicoterapias convencionais por meio da estimulação bilateral do cérebro.Ela relata que recebeu em seu consultório uma mulher, grávida de sete meses, que vinha desenvolvendo um quadro agudo de ansiedade. O ginecologista que a acompanhava percebeu que à medida que a gravidez avançava, o medo de morrer ia dominando os pensamentos dessa futura mamãe e, por esse motivo, a encaminhou à terapia. A Dra. Silvana registra que “na história clínica da paciente, constatou que ela já tinha uma filha de três anos, mas que há um ano tinha perdido um feto por má-formação. Essa experiência produziu memórias traumáticas, que permitiam que crenças e afetos negativos do passado estivessem interferindo no momento presente, gerando um sentimento de culpa e a crença de que iria morrer no parto.”Diante do quadro apresentado, ela realizou através do EMDR, o processamento de tais memórias da paciente, que possibilitou uma ação sobre a ferida traumática tanto quanto sobre o conflito que dela surgia. O efeito foi percebido com brevidade e a paciente pode concluir sua gravidez com tranquilidade, sem complicações no parto e nem dificuldades na adaptação da rotina com o bebê.Dra. Silvana afirma ainda que assim como no relato anterior, o aborto, as fertilizações frustradas e outras experiências traumatizantes podem ocupar o mundo emocional da mulher, e a menos que o trauma possa ser superado, a informação permanecerá na memória ativa, irrompendo em pensamentos intrusivos, pesadelos ou flashbacks, bloqueando a saúde física e emocional. “Por isso, é fundamental que a gestante, principalmente a que já tenha vivido algumas dessas situações, procure acompanhamento especializado”, declara.