Por mais desejada que seja a gravidez, uma série de fatores estressantes podem aparecer e desencadear a depressão pós-parto, a começar pelas próprias expectativas da mulher quanto ao seu papel de mãe. Além disso, durante esse período, haverá os cuidados com o bebê, a lactação, a privação de sono, a presença de mais familiares em casa, a mudança no contexto do casal, além do afastamento do mercado de trabalho. Somando-se a essas situações, a mulher passa por adaptações fisiológicas próprias do pós-parto.
De acordo com a psiquiatra para adultos e idosos Dra. Monia Bresolin, durante a gravidez, o estrógeno e a progesterona aumentam lentamente, até que no último mês alcançam níveis centenas de vezes maiores do que antes da gestação. “Ao longo do pós-parto haverá um súbito retorno desses níveis, o que pode levar ao aparecimento de transtornos afetivos nas mulheres que tenham alguma pré-disposição genética.”
Ela explica ainda que além do estrógeno e da progesterona, há também alterações nos níveis de cortisol que alcançam um pico durante o parto e uma abrupta diminuição nas primeiras horas de pós-parto. Segundo a psiquiatra, a depressão no período pós-parto é uma das alterações afetivas mais prevalentes chegando a 30% em alguns estudos no Brasil e a 13% no mundo. “As mulheres afetadas podem apresentar humor deprimido, labilidade afetiva, irritabilidade, perda de interesse, sentimento de culpa e, em alguns casos, inclusive, sintomas psicóticos.”
Existem fatores de riscos para a depressão pós-parto que devem ser avaliados e acompanhados pelos profissionais de saúde, como história pregressa ou familiar de Transtornos Mentais, abortamentos espontâneos anteriores, depressão pré-natal, além de características pessoais, como autoestima baixa, estresse no cuidado com o bebê, ansiedade patológica pré-natal, percepção de pouco suporte social, insatisfação no casamento, eventos de vida estressantes, gravidez não planejada ou na adolescência e carência de algumas vitaminas (D, zinco e selênio).
Maternity Blues
A Maternity Blues é uma forma mais leve de depressão pós-parto, que acomete cerca de 50% a 80% das puérperas. “Nesse caso, os sintomas têm pico no quarto ou quinto dia e normalmente desaparecem na segunda semana. A mulher fica com uma sensibilidade emocional exacerbada, chorosa, irritada ou com comportamento hostil. A abordagem nesses casos é apenas suporte emocional por parte dos familiares.” No caso de os sintomas não melhorarem ou até piorarem, a Dra. Monia ressalta a necessidade de tratamento pontual com um psiquiatra.