Assunto polêmico, a humanização do parto consiste em uma nova forma de lidar com a gestante, respeitando sua natureza e suas vontades, utilizando procedimentos com o mínimo de intervenções possível. No conceito de parto humanizado, a gestante escolhe acompanhantes, as posições que julgar mais confortáveis, o local onde deseja ter o bebê, enfim, o seu parto deve ser do jeito que você sempre sonhou (e que sua saúde permite). “Entre as principais vantagens da humanização do atendimento ao parto estão a participação ativa da gestante e o vínculo imediato entre mãe e filho”, ressalta o ginecologista e obstetra Dr. Álvaro Silveira Neto. Entenda melhor sobre o assunto com o especialista:
Como o senhor define parto humanizado?
Acredito que o termo mais correto e completo seria “a humanização do atendimento ao parto”. Mantendo sempre a segurança clínica do parto, consiste num conjunto de atitudes e condutas que tem como objetivo minimizar as intervenções, tendo como um dos focos principais o respeito às vontades e aos desejos da paciente durante todo o processo fisiológico do trabalho de parto, pós-parto e acolhimento inicial do recém-nascido. A gestante é a protagonista do próprio trabalho de parto.
Como a mulher se prepara para o parto humanizado?
Por meio do pré-natal e, principalmente, buscando informações. Todas as dúvidas e orientações são esclarecidas nesse período. A gestante deve manter uma boa saúde, com alimentação adequada, atividade física leve a moderada e um bom amparo emocional. A princípio, a maioria das mulheres pode e já é preparada para um parto natural.
Todo parto normal é humanizado?
Compreende como “parto normal” todo parto que ocorre pela via natural de nascimento, via vaginal. Se o parto normal ou natural ocorreu com o mínimo de intervenção, respeitando as opções da paciente e teve um acolhimento respeitoso ao recém-nascido, foi, sim, humanizado.
Uma cesárea pode ser humanizada? Como?
É possível minimizar as angústias de um momento cirúrgico, fornecendo um melhor amparo e acolhimento ao reduzir o barulho e as conversas paralelas, permitir que a paciente saiba o que ocorre “além do pano azul” e também consentir um contato imediato, pele a pele, entre mãe e filho. Alguns obstetras não gostam de usar o termo “cesariana humanizada”, pois a gestante deixa de ser ativa, protagonista, e se torna passiva à situação.
Como se dá o controle da dor no parto humanizado?
É importante oferecer opções para diminuir a dor da gestante. Existem várias condições não farmacológicas, como massagens, exercícios físicos e banhos de chuveiro ou banheira. Além disso, há a opção farmacológica, a analgesia do trabalho de parto, que tem seus benefícios. A ideia é manter o respeito e as opções da paciente dentro de uma segurança clínica.
Quais profissionais estão envolvidos no parto humanizado?
O mínimo de profissionais possível. Normalmente o obstetra, o pediatra, uma profissional da enfermagem e a doula de escolha da paciente. Na condição de um procedimento anestésico, o médico anestesiologista também.
O parto humanizado oferece riscos à gestante e/ou ao bebê?
Os riscos são reduzidos sempre que se permite uma evolução natural e fisiológica do trabalho de parto. Em uma gestação saudável, de baixo risco, num trabalho de parto sem intercorrências e humanizado, não há risco aumentado para a gestante e para o recém-nascido. Pelo contrário, as evidências científicas mostram riscos reduzidos num trabalho de parto natural e humanizado para a gestante e o bebê.
Quais as vantagens do parto humanizado?
Dentre as principais vantagens estão a participação ativa da gestante e o vínculo imediato entre mãe e filho. Ainda, a hemorragia materna, a taxa de infecção e a de óbito materno e neonatal são menores. Os problemas e complicações respiratórias neonatais são menores e a volta às atividades normais da mulher é mais rápida.
Procedimentos envolvidos em um parto humanizado
• Permitir a presença de acompanhantes da escolha da gestante;
• Evitar termos que ridicularizem a gestante;
• Permitir livre movimentação e deambulação da gestante;
• Não manter a gestante que está em trabalho de parto em jejum, permitindo a injestão de líquidos e alimentos leves, como frutas e gelatinas;
• Permitir que a gestante adote as posições que a mesma julgar confortáveis do início ao fim do trabalho de parto;
• Não amarrar as pernas da gestante durante o parto nos estribos ou perneiras da maca;
• Utilização de soros e medicações apenas com critérios médicos bem definidos e não aleatoriamente, como “protocolo”;
• Abolição da realização de episiotomia.